sexta-feira, 19 de outubro de 2018

Algo sobre fé em tempos impolíticos

Alexandre Fernandez Vaz


Em nome de um deus supostamente branco e colonizador, que nações cristãs tem adorado como se fosse o Deus e Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, milhões de Negros vem sendo submetidos, durante séculos, à escravidão, ao desespero e à morte. No Brasil, na América, na África mãe, no Mundo (Milton Nascimento, Em nome do Deus – Missa dos Quilombos).

A história do Ocidente é, de certa forma, a do Cristianismo. Nosso calendário se define pelo nascimento de Jesus Cristo, nossos feriados nacionais são pátrios ou cristãos. Nos marcos do catolicismo, chegamos a ter uma Padroeira do Brasil, cujo dia em sua homenagem foi comemorado na sexta-feira passada. A tradição cristã é mais que uma religião, é uma máquina cultural, se podemos aqui evocar a expressão consagrada por Beatriz Sarlo. Não se trata, portanto, de expressão cultural a ser desprezada. Ao contrário, há que se respeitá-la, antes de tudo, e considerá-la no espectro das distintas posições que se colocam em um país formalmente laico, como é o Brasil, mas, de forma alguma, ateu.

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