domingo, 11 de novembro de 2018

Futebol, narrativas, assepsia: Brasil, Argentina
Alexandre Fernandez Vaz

Os brasileiros amantes do futebol não têm como não se impactar com a dinâmica da imprensa esportiva argentina. Do outro lado da fronteira o trato é muito mais caliente do que por aqui. Abre-se Ole, diário esportivo, e lá estão os chistes, os comentários sem meias-palavras, jogadores e treinadores tratados pela intimidade dos apelidos. Por exemplo, Marcelo para o público em geral, Gallardo para os brasileiros, El Muñeco para a imprensa e para os torcedores millionarios. Os personagens do futebol costumam falar de seu time e dos adversários sem censura. Mesmo a revista El Gráfico, mensal e mais comedida, não fica muito atrás. Lembro-me de há anos ler em suas páginas uma entrevista com Ramón Diaz, então treinador do River Plate, onde fora destaque também como jogador, em que ele se referia ao Boca Juniors, o grande adversário, como Bosteros, epíteto para lá de pejorativo destinado ao estádio La Bombonera, a casa do xeneizes no bairro portuário de La Boca.

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