Crise e sintomas
Na tarde de dezoito de maio, uma
quinta-feira, quando o presidente “em exercício” Michel
Temer fez um pronunciamento à Nação por meio do
qual negou seu envolvimento na interminável cadeia de negociatas
e corrupção que constitui a medula da “política” entre nós, eu estava no Café
do CFH, o Centro de Filosofia e Ciência Humanas da UFSC. Entre aulas da
graduação e da pós-graduação, conversava com um orientando quando, de
repente, um grupo expressivo de alunos se juntou próximo à televisão.
Volume aumentado pelo atendente, aparece na “telinha” a imagem
do ex-vice que, esperavam todos, estava próximo de se tornar
ex-presidente. O coro reagia às gargalhadas e vaiando o
conferencista. Havia mesmo algo de bizarro no velho político cuja imagem,
segundo seu próprio marqueteiro, não teria sido
utilizada com frequência nas campanhas presidenciais por sugerir
relação com o “satanismo”. Golpeando a mesa para dar ênfase à suposta
indignação, o síndico do condomínio de poder (tomo emprestada a ótima metáfora
de Marcos Nobre) parecia não convencer nem a si mesmo. Golpe por golpe, um
lembrou o outro. Mais ou menos como descrito no Dezoito Brumário,
mas agora tudo como pura farsa.
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