quarta-feira, 5 de julho de 2017

Crise e sintomas
Na tarde de dezoito de maio, uma quinta-feira, quando o presidente “em exercício” Michel Temer fez um pronunciamento à Nação por meio do qual negou seu envolvimento na interminável cadeia de negociatas e corrupção que constitui a medula da “política” entre nós, eu estava no Café do CFH, o Centro de Filosofia e Ciência Humanas da UFSC. Entre aulas da graduação e da pós-graduação, conversava com um orientando quando, de repente, um grupo expressivo de alunos se juntou próximo à televisão. Volume aumentado pelo atendente, aparece na “telinha” a imagem do ex-vice que, esperavam todos, estava próximo de se tornar ex-presidente. O coro reagia às gargalhadas e vaiando o conferencista. Havia mesmo algo de bizarro no velho político cuja imagem, segundo seu próprio marqueteiro, não teria sido utilizada com frequência nas campanhas presidenciais por sugerir relação com o “satanismo”. Golpeando a mesa para dar ênfase à suposta indignação, o síndico do condomínio de poder (tomo emprestada a ótima metáfora de Marcos Nobre) parecia não convencer nem a si mesmo. Golpe por golpe, um lembrou o outro. Mais ou menos como descrito no Dezoito Brumário, mas agora tudo como pura farsa. 



Nenhum comentário: