sexta-feira, 15 de março de 2019

Massacre na educação
Alexandre Fernandez Vaz



Gregory Reeves é o personagem central de um dos romances de Isabel Allende, El plan infinito, de 1991. Inspirado nas narrações memorialísticas de seu marido, a autora traça um interessante panorama da vida da segunda metade do século passado nos Estados Unidos da América. Os anos 1960, como não poderia deixar de ser, emergem com força e, em seu interior, a Guerra do Vietnã. O protagonista vai aos confins do inferno existencial no sudeste asiático, vida regada a droga, medo, paranoia, sofrimento, loucura. Em meio a isso, sua segunda missão, depois de recolher-se por algum tempo após um surto emocional, não será no front, ao menos não no sentido tradicional do termo. Ele é escalado para lecionar inglês em uma pequena escola do interior, em área dominada pelos estadunidenses e pelo governo de Saigon, mas sob forte ameaça vietcongue. A posição de professor, embora exercida, é apenas uma fachada, o que fica claro no primeiro dia de aula, quando ao entrar em sala, o mestre deixa o fuzil-metralhadora ao alcance das mãos. Havia uma guerra em curso.

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